quarta-feira, 24 de março de 2010

Li e Gostei...... O País cansado de Sócrates



por Pedro Correia | 24.03.10


“Meu Deus, que gente me mandas para ganhar esta guerra!” A frase ficou célebre na boca de Winston Churchill na fase mais dura da II Guerra Mundial, quando parecia que as hordas de Hitler iriam dominar toda a Europa. Tenho-me lembrado dela por estes dias, ao reflectir na crise de credibilidade que vai minando a autoridade política de José Sócrates. O essencial das suas tropas já desertou. Luís Campos e Cunha e Diogo Freitas do Amaral, os seus dois ministros iniciais das Finanças e dos Negócios Estrangeiros, não escondem hoje o afastamento relativamente ao chefe do Executivo. No Governo, passam-se meses sem que escutemos a voz de alguns ministros. Sócrates é hoje um general cansado, quase sem estado-maior e desprovido de infantaria. Gastou o essencial das suas munições em brigas inúteis, disparando contra jornalistas e comentadores, quando tinha à porta a mais grave crise dos últimos 80 anos. E rodeou-se de elementos pouco recomendáveis, socialistas sem peso orgânico no partido mas com alguma influência “fáctica” nos meandros que o País vai conhecendo pelas notícias publicadas em todos os jornais (sublinho todos, pois não são só alguns).

Sócrates deixou praticamente de reunir os órgãos do PS, confiando que bastaria a fé cega nos seus atributos para que os militantes o seguissem sem questionar a uma simples voz de comando. Mas isso já não é assim: há a sensação clara que nos encontramos no fim de um ciclo. Conscientes de que vivem pior do que há cinco anos, quando o actual primeiro-ministro chegou ao poder, os portugueses cansaram-se de Sócrates. Dos trejeitos de Sócrates, das entoações de Sócrates, das promessas de Sócrates – sempre desmentidas pelos factos. Cansaram-se dos tios e dos primos de Sócrates. Cansaram-se dos amigos de Sócrates, como Armando Vara e Rui Pedro Soares. E dos amigos dos amigos de Sócrates, como Paulo Penedos e Manuel Godinho.

Churchill queixava-se dos colaboradores incompetentes: apesar disso, ganhou a guerra. Sócrates só pode queixar-se de si próprio. E arrisca-se a passar à história como um derrotado – alguém que teve tudo para ganhar e acabou por deitar tudo a perder.

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